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sexta-feira, 22 de junho de 2012











SEM TERRA SÃO RECEBIDOS A BALA POR SEGURANÇAS DE FAZENDA

Evandro Corrêa

Sucursal do Sul e Sudeste do Pará

Seguranças da fazenda Cedro, de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, receberam a bala na manhã de ontem um grupo de sem terra que realizava um ato público na BR 155, antiga PA 150. De acordo com a Coordenação da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, o grupo fazia um manifesto denunciando grilagem de terra publica desmatamento ilegal, uso intensivo de venenos na área e violência cotidiana contra trabalhadores rurais. Segundo relato de testemunhas, os sem terras faziam uma manifestação na entrada da fazenda e tentaram entrar pela guarita da mesma quando cinco funcionários da escolta armada contratada para dar segurança ao local, pressionados pelos sem terras que soltavam rojões em direção aos funcionários, subiram em uma camioneta e dispararam vários tiros de espingarda contra o grupo e seguiram para a sede da mesma. No tiroteio, 16 pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança.
Os manifestantes, armados de facas, facões e foices destruíram e colocaram fogo na guarita onde os funcionários estavam. Os feridos foram removidos para o Hospitais de Parauapebas e Eldorado dos Carajás. Uma criança de 3 anos foi atingida por um tiro de raspão da cabeça, mas não corre risco de morte. Um outro militante foi atingido com um tiro de pistola no joelho e foi encaminhado para Marabá. Depois do confronto, mais de 300 famílias bloquearam, por cerca de 8 horas, a BR 155.  O presidente do Incra, Celso Lacerda, chega na manhã de hoje em Marabá, juntamente com o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, para participar de uma reunião com a coordenação do MST na região.

MANIFESTANTES AFIRMAM QUE AGROPECUÁRIA NÃO CUMPRIU ACORDO

Cerca de 300 famílias já estão acampadas nessa fazenda desde o dia 1º de março de 2010. Ao todo, foram 06 fazendas do Grupo de Dantas ocupadas pelos movimentos sociais no período. Apesar da então juíza da Vara Agrária de Marabá, Claudia Favacho Moura, ter negado o pedido de liminar de despejo feito pelo grupo à época, o Tribunal de Justiça do Estado cassou a decisão da juíza e autorizou o despejos de todas as famílias. Através de mediação da Ouvidoria Agrária Nacional, foi proposto um acordo judicial perante a Vara Agrária de Marabá, através do qual os Movimentos Sociais, com apoio do INCRA, desocupariam três fazendas (Espírito Santo, Castanhais, Porto Rico) e outras três (Cedro, Itacaiunas e Fortaleza) seriam desapropriadas para o assentamento das famílias.  
Segundo o advogado da CPT de Marabá, José Batista Afonso, o Grupo Santa Bárbara, que administra as fazendas do Banqueiro, concordou com a proposta. “Em ato contínuo, os trabalhadores sem terra desocuparam as três fazendas, mas, o Grupo Santa Bárbara tem se negado a assinar o acordo”. Afirma Batista.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, a formação da Fazenda Cedro, e de muitas outras fazendas adquiridas pelo Grupo Santa Bárbara no sul e sudeste do Pará vem de uma trama de ilegalidades históricas envolvendo grilagem, apropriação ilegal de terras públicas, fraude em Títulos de Aforamento, destruição de castanhais, trabalho escravo e prática de muitos outros crimes ambientais.  “Por falta de coragem política, nem o INCRA e nem o ITERPA se propôs a enfrentar a situação. Terras públicas cobertas de floresta de castanheiras se transformaram em pastagem para criação extensiva do gado”. Denuncia José Batista Afonso. Em nota pública divulgada ontem, o MST exige a liberação imediata das três fazendas para o assentamento das famílias dos Movimentos sociais; Uma audiência urgente no INCRA de Marabá, com a presença da SEMA, do ITERPA, da CASA CIVIL para encaminhamento do assentamento e apuração dos crimes ocorridos na área.

SANTA BARBARA AFIRMA QUE SEM TERRA INICIARAM CONFRONTO

Em nota divulgada a imprensa na tarde de ontem, a assessoria da agropecuária Santa Bárbara afirmou que na hora do ocorrido apenas seis seguranças protegiam a fazenda e os seus funcionários. “Com muita violência, o grupo, fortemente armado e enfurecido, destruiu parte da propriedade e causou pânico nos funcionários e prestadores de serviços presentes. Além de fecharem a Rodovia e interromperem o tráfico de veículos”. Afirma a nota ressaltando que os invasores chegaram atirando e destruindo a propriedade, aterrorizando os funcionários - que fugiram desesperados. “Os invasores adentram a sede da fazenda, pressionando os funcionários e destruindo o patrimônio. A Agro Santa Bárbara responsabiliza o MST pelo início do confronto e pelos danos pessoais e materiais provocados”. Encerra a nota da Santa Bárbara afirmando que desde 2008, a empresa já elaborou 200 Boletins de Ocorrência e já enviou 150 ofícios comunicando essas e outras atrocidades para diversas autoridades municipais, estaduais e federais.

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