CANDIDATO A PREFEITO É ACUSADO DE CRIME

Pecuarista e vereadora podem ser alcançados pela Lei do Ficha Limpa e ficar inelegíveis.

O desembargador Ronaldo Valle irá submeter, na manhã de terça-feira, 25, à 2ª Câmara Criminal Isolada do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, o relatório sobre o recurso impetrado pelos réus Davi Resende Soares, Marta Resende Soares, Lindomar Resende Soares e José Ernesto Machado contra a decisão do juiz Thiago Tapajós, que os mandou a Júri Popular como mandantes da execução do marceneiro Silvério Lourencine Deprá, crime ocorrido no dia 24 de novembro de 2004, na Praça Almir Gabriel, em frente à residência da família Resende. 

Segundo a denúncia do Ministério Público, o crime teve motivações políticas uma vez que Silvério Deprá fazia parte da coligação contrária ao grupo dos Resendes, que domina a prefeitura do município há 12 anos. Atualmente em liberdade condicional, Davi Resende tenta se eleger prefeito de Ulianópolis e sua irmã, a vereadora Marta Resende, é candidata à reeleição.

Caso os desembargadores mantenham a sentença de pronúncia, os réus serão alcançados pela lei do Ficha Limpa e não poderão concorrer nas eleições deste ano, uma vez que o Recurso terá sido apreciado por um colegiado do TJE. O promotor que acompanha o caso, Edson Cardoso, aguarda apenas o julgamento do recurso para pedir o desaforamento do mesmo para Belém. “Em Ulianópolis os acusados podem ameaçar e constranger testemunhas, face o seu grande poderio econômico e político”. Diz o promotor. O julgamento dos réus será marcado imediatamente após a análise do Relatório pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

As investigações sobre a morte de Silvério Lourencine foram conduzidas pelo delegado André Nunes Albuquerque, assassinado em 2010 em Parauapebas, em circunstancias até hoje não esclarecidas. As investigações concluíram que os réus comandavam uma organização criminosa que tramou e arquitetou vários assassinatos no município de Ulianópolis.  Depois de receber o relatório do delegado André Albuquerque, o promotor Rodier Barata, que faz parte do Geproc, Grupo Especial de Repressão a Organizações Criminosas, do MPE, pediu a prisão preventiva dos quatro envolvidos na morte de Silvério Lourencine. As prisões foram decretadas pelo juiz Bruno Favacho, sendo que ao tomar conhecimento dos mandados todos os acusados fugiram da região.

José Ernesto Machado foi preso um mês depois, na BR 010, sendo liberado mais tarde. Lindomar Resende fugiu para a cidade de Macapá, onde foi localizado e preso pela equipe do delegado André Albuquerque. O pecuarista passou três meses recolhido no presídio de Americano sendo liberado mais tarde através de Liminar. Já os acusados Davi Resende e Marta Resende, passaram mais de um ano na condição de foragidos da justiça, sendo beneficiados por liminar concedida pelo ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça, STJ.

O autor dos disparos que ceifaram a vida de Silvério, o pistoleiro Francisco Leite da Silva, o “Chicão”, foi preso em flagrante quando tentava fugir de carro, pela BR 010. Ele foi julgado e condenado a 33 anos de prisão e está cumprindo a pena no presídio de Americano.  O promotor de justiça Edson Cardoso, que atuou no julgamento de “Chicão”, acredita que o fazendeiro Davi Resende Soares está tentando se eleger prefeito de Ulianópolis para ganhar foro privilegiado e retardar o julgamento. “Estamos só aguardando que a data do julgamento seja marcada”. Afirma Edson Cardoso.  

Na semana passada, o promotor eleitoral Maurim Vergulino pediu o indeferimento do registro de Davi Resende alegando que o mesmo apresentou um diploma falso, de técnico em contabilidade, para obter o registro. Para o representante do Parquet, o fazendeiro não poderia voltar a praticar crimes, uma vez que foi beneficiado por habeas corpus do STJ que revogou sua prisão preventiva.