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domingo, 2 de novembro de 2014

"TIVE MAIS FÉ DO QUE MEDO", DIZ PILOTO DE AVIÃO QUE CAIU NA AMAZÔNIA

Raimundo Lima escreveu bilhete que guiou buscas de socorristas. Avião desaparecido foi encontrado na quinta e passageiros nesta sexta (31)

O piloto Raimundo Lima, de 56 anos, contou que os mais de 20 anos de experiência na profissão ajudaram para sobrevivência do grupo  (Foto: Emily Costa/G1)
O piloto Raimundo Lima, de 56 anos, contou que os mais de 20 anos de experiência na profissão ajudaram para sobrevivência do grupo (Foto: Emily Costa/G1)
(G1) - 'Tive mais fé do que medo'', disse ao G1 o piloto Raimundo Nonato da Costa Lima, de 56 anos, que guiava o avião Cessna, U206G, matrícula PP-FFR, desaparecido no domingo (26) no interior de Roraimae encontrado na quinta-feira (30), no sul do estado. Segundo Lima, que foi resgatado nesta sexta (31) junto com os outros quatro passageiros que estavam na aeronave, os mais de 20 anos de experiência como piloto ajudaram o grupo a sobreviver durante os cinco dias na selva.
Conforme o piloto, o principal problema enfrentado pelos sobreviventes foi a fome. Eles construíram um acampamento ao lado do avião e, por três dias, aguardaram serem resgatados.
"A princípio, eu iria ficar no avião, mas o rapaz que estava conosco se desesperou e insistia para a gente ir atrás de comida e foi isso que fizemos", contou Lima, acrescentando que deixou um bilhete na aeronave. "Descrevi para onde iríamos e começamos a caminhar em busca de comida e do Rio Branco, onde buscaríamos socorro".
O piloto contou que durante os dias de fome e caminhada na selva os sobreviventes comiam uma 'frutinha amarela' e mato. "O bebê teve de ser amamentado por outra passageira, porque a mãe dele estava com hemorragia e não podia dar leite a ele", descreveu.
Lima contou ainda que o grupo decidiu permanecer unido por causa da presença de onças na região. "Eu sabia que nós estávamos a 18 quilômetros do Rio Branco, então, tínhamos de nos proteger de outras ameaças. Desta forma, iniciamos a caminhada e, por dois dias, andamos em busca de ajuda", relatou.
'O motor parou'
De acordo com Lima, o motor do avião 'simplesmente parou' durante o voo de retorno de Santa Maria do Boiaçu a Boa Vista, capital do estado. Ele contou que tentou reanimar o motor, mas não conseguiu e teve de fazer um pouso forçado na mata.
"Estávamos em uma região pantanosa e guiei o avião para a parte mais seca e fiz o pouso", narrou Lima, acrescentando que a único dano na aeronave foi causado por uma árvore. "Apenas uma asa foi danificada durante o pouso".
Questionado sobre o futuro como piloto, Lima adiantou que pretende continuar trabalhando. "Vou continuar voando e salvando vidas se necessário", concluiu.
Helicóptero da Força Aérea Brasileira desambarcou no Aeroporto Internacional de Boa Vista com os passageiros que estavam no aeronave desaparecida deste o domingo (26) (Foto: Jackson Félix/G1)
Helicóptero da Força Aérea Brasileira desambarcou no Aeroporto Internacional de Boa Vista com os passageiros que estavam no aeronave desaparecida deste o domingo (26) (Foto: Jackson Félix/G1)
Entenda o caso
A aeronave de pequeno porte seguia de Santa Maria do Boiaçú, região sul de Roraima, para Boa Vista, quando desapareceu, no dia 26. Segundo a assessoria de comunicação da Força Aérea Brasileira (FAB), o avião Cessna, U206G, matrícula PP-FFR, pertencente ao governo do estado de Roraima. Ele decolou às 11h50 e estava com o pouso previsto para as 14h, na capital. No trajeto, a aeronave perdeu a comunicação com o radar de controle aéreo e desapareceu.

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